A História de Mestre André

⭐ 1932 (Rio de Janeiro – RJ)
✝️ 1980 (Causa: Ataque Cardíaco)

Todo ogã da Mocidade é cria de Mestre André.

Com esses versos a Escola de Samba do RJ: Mocidade Independente de Padre Miguel exaltou e homenageou a importância de Mestre André para a história do carnaval e, sobretudo, para a sua agremiação.

José Pereira da Silva, apelidado de Mestre André, foi um regente da bateria da GRES Mocidade Independente de Padre Miguel, a quem se atribui a invenção da “paradinha”.

A famosa paradinha foi criada por um erro e não decepcionou. No dia, ele escorregou e a bateria parou. Levantou, deu um rodopio e apontou para o repique. O repique entrou no tempo certo e então foi inventada a paradinha.

Mestre dos mestres, que se eternizou como o criador desse momento que cativa e move o público de carnaval a carnaval.

Maestro do povo e “Nota 10″ da bateria da Mocidade, como era entitulado ajudou a fundar a escola da zona oeste e levou ao 1° grupo por mais de 10 anos graças ao vigor de sua bateria.

Ele foi o mestre dos malabarismos, das mudanças de andamento – um virtuose dos instrumentos de percussão como poucas vezes se viu.

Invenções, influências e revoluções encabeçadas por uma gigantesca figura de Padre Miguel, que explodiu a bolha das 4 grandes escolas de samba da época.

A partir de sua bateria, inseriu quase à força a Mocidade Independente no mapa de toda a cidade, que antes sabia de cor indicar Portela, Mangueira, Império Serrano e Salgueiro.

Não à toa, por alguns anos, foi conhecida como a bateria que tem uma Escola de Samba.

Motorista aposentado da rede ferroviária federal, que gostava de colocar ele mesmo o couro nos instrumentos, para testar o som que queria, começou no carnaval de 1956.

Já naquela época, as outras escolas tinham baterias grandes, com mais de 100 componentes: Mestre André – era assim que se chamava seus músicos, daí o apelido – desfilou com apenas 27 e deslumbrou a avenida.

Daí pra frente tornou-se uma atração à parte no carnaval do Rio.

Mestre André só deixou de tirar nota 10 em 1975, e o público presente à apuração dos resultados foi unânime em vaias o 9 dado pelo júri.

O maestro abriu espaço para o som sincopado e singelo do surdo de repinique, um surdo menos escandaloso que o surdão, usado pelas outras escolas.

Sempre de sapatos engraxados, camiseta branca e um discreto, diminuto chapeuzinho de palha, Mestre André gostava de exibir sua liderança na avenida: era só torcer o corpo que a bateria sabia que instrumento tocar, era só dar um toque no chapéu para o andamento todo mudar.

José foi genial em inovar, e não somente dentro de suas próprias ideias, como também em conseguir dar eco à criatividade de seus ritmistas.

Não podemos falar das baterias sem falar de Mestre André, não será possível falar de carnaval sem falar do Mestre dos Mestres.

Até mesmo porque o conceito de um mestre propriamente dito surgiu consigo.

Foi o 1° entre os comandantes a ser amplamente chamado de mestre. E não somente pelo seu controle, influência, entrosamento e parceria para com seus ritmistas; o arrebatamento que as apresentações da “Não Existe Mais Quente” era capaz de provocar.

Mestre André além de professor era um inventor. Foi ele quem introduziu na bateria o chocalho “bate nela” (com tampinhas), os sinos de natal e o “casco de tatu” (o reco-reco), instrumentos presentes em todas as escolas de Samba.

Outra singularidade da bateria da Mocidade é o “chocalho cascável” que tem um toque único em suas subidas, que também lhe permitem identificar de longe a chegada da turma de Padre Miguel.

E essa característica se relaciona intimamente com a criação dos chocalhos de platinela por Mestre André, em uma época em que era necessário contornar as problemáticas dos poucos ritmistas, com soluções para sua bateria soar mais alto e parecer que 30 componentes são 90. Que 90 são 270. É também nesse contexto que surge a criação das baquetas múltiplas de tamborim.

Fugindo do clássico apito, Mestre André tinha seus comandados sob a rédea curta com sua clássica batuta.

 

Talvez a maior singularidade da Mocidade de Mestre André seja o seu toque de caixa de guerra. Não é exagero dizer que não há nada igual, pois de fato não há. 

 

O símbolo perfeito de respeito e reverência ao orixá padroeiro da escola e da bateria, o toque das caixas da Mocidade foi criado por Mestre André seguindo o pedido de Tia Chica, mãe de santo e baiana da escola que deu as cores do pavilhão da verde e branco da Zona Oeste. Surge, então, os batuques baseados no agueré de Oxóssi. 

 

O Mestre do povo também era dono de um ouvido privilegiado, era capaz de distinguir um instrumento desafinado entre 300, mesmo que fosse o quase inaudível reco-reco.

 

Um homem lendário, que a partir de seus gestos e movimentos comandava um grupo de forma impressionante.

 

Em 1967, o inesquecível maestro da bateria “mais quente” do carnaval carioca, se desentendeu com a diretoria da escola e desfilou na Portela. Contudo, meses após a folia ele voltou de forma triunfal para a sua escola de coração.

 

No Carnaval de 1976, Mestre André realizou uma de suas proezas mais admiráveis – no enredo “Menininha do Gantois”. 

 

Ele fez todos os ritmistas pararem de tocar antes do refrão e só a voz de Elza Soares, que puxava o samba, foi ouvida na avenida: logo em seguida sem atravessar, a bateria entrou novamente a todo vapor, enlouquecendo a arquibancada. 

 

Tanto engenho e arte levaram Mestre André longe das fronteiras do humilde subúrbio de Padre Miguel. 

Graças a ele a Rede Globo começou a investir na escola. Depois disso, Mestre André correu o mundo, esteve na Europa, na China, no Japão. Sua bateria tocou para o Balé de Stuttgart e encerrou o festival de jazz do RJ, no Maracanãzinho.

 

Pai do também músico, Andrezinho da Mocidade, Mestre André, foi um revolucionário. 

 

Quebrou estrutura atrás de estrutura. A estrutura da organização que se dava nas escolas de samba, do destaque das 4 grandes da época, a qual por muito tempo escolhia enxergar apenas do centro da cidade até Madureira. 

 

O fato é que as baterias não seriam as mesmas não fosse por ele. Assim… o carnaval não seria o mesmo não fosse por ele. 

 

Viva, Mestre André! Viva, o Samba!

 

Fontes: Carnavalize / O Explorador / Extra

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