Ilê Aiyê

O Ilê Aiyê, ou Ilê, é o mais antigo bloco afro do carnaval de Salvador. Fundado em 1974 por moradores do bairro do Curuzu. Constitui um grupo cultural que promove a expansão da cultura de origem africana no Brasil. A expressão significa, em língua iorubá, Mundo negro ou Casa de negro ou ainda Casa da Terra.

Sua primeira apresentação ocorreu no carnaval de 1975. Nela o grupo apresentou a música Que Bloco é Esse, de Paulinho Camafeu.

No Carnaval, o bairro do Curuzu é palco de um ato cultural-religioso, a bênção para a saída do bloco, que se manifesta com uma orquestra de dezenas de percussionistas e o coral negro em uma celebração. Faz-se um cortejo real, que oferece milho branco cozido e pipoca, alimentos de predileção de Oxalá, orixá da paz, e de Obaluaê, patrono da saúde. Em seguida, uma revoada de pombas brancas anuncia a saída da Deusa do Ébano e o início do desfile de carnaval do grupo, na subida da ladeira.

Atualmente o bloco mantém cerca de 3 mil associados, sendo considerado um patrimônio da cultura baiana, marco no processo de reafricanização do carnaval da Bahia. Caracteriza-se também como uma entidade de militância negra, contando com ações de valorização da cultura e de combate ao racismo.

A música mantém-se tradicional, calcada no batuque dos tambores e na potência das vozes. Entre os maiores sucessos do bloco estão “Que Bloco É Esse”, “Depois que o Ilê Passar”, “Charme da Liberdade”, “Viva o Rei”, “Décima Quinta Sinfonia”, “Exclusão”, “Deusa do Ébano”.

No bloco carnavalesco do Ilê, o que chama atenção é o fato de só se aceitarem pessoas negras. O objetivo da entidade é preservar, valorizar e expandir a cultura afro-brasileira. Para isso, desde que foi fundado, vem homenageando os países, nações e culturas africanos e as revoltas negras brasileiras que contribuíram fortemente para o processo de fortalecimento da identidade étnica e da autoestima do negro brasileiro.